Há umas semanas entregaram-me um objeto, muito velhinho e em mau estado, ao qual pensaram que eu acharia interesse. E achei mesmo interessante. Trata-se de um exemplar, incompleto, do jornal A AURORA DO LIMA, com data de 31 de dezembro de 1974. Estava esquecido num sótão e seria despejado para o lixo juntamente com restos de entulho resultante de obras feitas, se a pessoa que o encontrou nele não reparasse e mais tarde mo entregasse como curiosidade.
Foi como se parte do passado viesse ter comigo. O antigo assinante que recebeu este jornal é meu tio e padrinho e ainda vive, mas não foi em sua casa que ele foi encontrado mas sim numa outra que nem é perto dele nem de familiar. Deve ter ido a embrulhar uma oferta qualquer, como ainda hoje se faz quando damos alguma coisa e embrulhamos no que encontramos à mão.
A direção também é interessante: Pedra Alta, Castelo do Neiva – Minho. Assim, com a província a que pertencia, como se viesse de muito longe. Ainda me lembro bem de ver essa direção escrita nos jornais que o meu pai, também assinante, recebia.
Antigamente chamava-se Lugar da Pedra Alta à zona perto da praia, que depois passou a ser, embora não oficialmente, Lugar da Praia; oficialmente era Sendim de Baixo.
Há quem pense que é um restaurante que dá o nome de Pedra Alta àquela zona, mas Pedra Alta era uma das sete pedras que existiam no mar, na zona costeira, e que serviam de referência aos pescadores. Muita gente ainda se lembra delas, que eram as seguintes a contar do norte para o sul: Ribeirinha, Lousado, Baixa da Poça, Pedra Alta, Serrinha, Lagosteira e Malhacu. A Pedra Alta ficava em frente ao restaurante que lhe tomou o nome.
Memórias que a nostalgia tece ao ver um objeto vindo do passado...