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quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Morreu um homem bom


Morreu um homem bom. Estas foram as primeiras palavras que me vieram à ideia logo que soube da morte de D. Anacleto: morreu um homem bom.
Nomeado a 11 de junho de 2010, D. Anacleto teve a sua entrada solene em Viana no dia 15 de agosto. Vi-o pela primeira vez no dia 20 desse mesmo mês, dia de Nossa Senhora da Agonia. Aí lhe tirei a primeira foto, na procissão que se dirigia ao mar.


Ao longo dos 10 anos em que esteve à frente da Diocese, o 4º bispo de Viana do Castelo soube ser pastor e pai. Interessava-se pela terra, pelas pessoas, pelos costumes e tradições, pelos grupos e movimentos, pelas paróquias, por tudo e por todos.
Tive oportunidade de assistir às suas intervenções em algumas celebrações e encontros, tanto com jovens como com os idosos e doentes. D. Anacleto fazia questão de estar presente no encontro anual do Dia Diocesano do Doente, dedicado aos mais frágeis da diocese, ele que se dizia já também um idoso e a fazer parte dessa parte mais frágil da sociedade. Era grande o carinho e amizade que a todos dedicava.
Nas visitas pastorais, em que tinha encontros com os jovens que depois crismaria, conversava com eles e decorava os seus nomes, que depois, na Eucaristia de Crisma, mencionava na homilia, lembrando e agradecendo esses momentos que tinham proporcionado ao seu bispo. As suas visitas pastorais ficaram na memória de todos, pois em cada paróquia que visitava procurava conhecer todas as igrejas e capelas, todos os grupos e movimentos, Junta de Freguesia e associações, e a todos que o recebiam tratava como amigos de longa data, sempre de sorriso franco. As crianças procuravam a sua companhia e davam-lhe a mão, e ele a todas tratava com carinho e brincadeira, por vezes até tirava o solidéu e colocava-o na cabeça delas. 


Quando eu, em 2018, em vésperas de ir a Lisboa em peregrinação ao túmulo de Madre Maria Clara do Menino Jesus, tive oportunidade de com ele conversar, D. Anacleto ficou contente por saber da viagem e disse-me que transmitisse a todas as pessoas que iriam comigo no autocarro que o bispo abençoava a viagem e pedia que rezássemos por ele, o que fizemos.
Na véspera de Natal visitava os presos e participava na Ceia dos Sós, uma iniciativa da paróquia de Nossa Senhora de Fátima dedicada aos mais pobres e também a todas as pessoas que vivem sós, independentemente da sua classe social. Desde 2011 que D. Anacleto participava nessa ceia, em convívio fraterno com todos.
Era um homem bom, de coração grande e cheio de amor cristão. As saudades deixadas aos seus diocesanos serão difíceis de superar. Até sempre, D. Anacleto.


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