segunda-feira, 7 de maio de 2018
Uma algarvia no Caminho Português da Costa
Chama-se Sofia e o que salta à vista em primeiro lugar quando a conhecemos é a simpatia e alegria que irradia. Algarvia, de Albufeira, quis fazer o Caminho de Santiago por diversas razões, sendo as principais a valorização pessoal, reconhecimento interior e renovação espiritual, na esperança de que a conduzam a uma melhor realização pessoal.
Deixou o emprego e tudo o resto para trás e está neste momento a caminho de Compustela.
Não é uma viagem de fé propriamente dita, não é uma questão religiosa o que a move a caminhar, apesar de ainda no domingo de manhã ter conseguido ir à missa.
É o aprender a conhecer-se, a saber quais os seus limites de superação e quais os valores que deve deixar sobrepor em detrimento de outros.
Vem à conquista de si própria. Aos 32 anos tem muitas perguntas e poucas respostas. E é em busca dessas respostas que aceita tudo o que encontra no caminho: calor, frio, chuva, cansaço, mas também alegria e companheirismo, a descoberta das características hospitaleiras da gente do Norte, o ambiente que envolve toda a logística do peregrino. Traz consigo um caderno que lhe serve de diário e onde aponta tudo que lhe desperta interesse, por vezes apenas uma simples frase que transforma em poesia.
Chegou ao novo albergue em Castelo do Neiva e logo fez amizade com quem lá estava a acolhê-la, com a sua simpatia natural e confiante. Um pico de mato, com que ficou num dedo por inadvertidamente tocar na planta ao tentar aproximar-se de um eucalipto para lhe sentir o cheiro, foi também uma descoberta, pois tem mãos finas, delicadas e macias e nunca tinha tido um pico no dedo. E apesar de sentir dor quando no albergue tentavam tirá-lo com um alfinete, mesmo assim ria e estava feliz, como quem celebra a vida e sabe que estar vivo é o melhor motivo para festejar.
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